sexta-feira, 1 de março de 2013

Dificuldades financeiras podem fechar Aeroclube de Bagé


Com mais de 70 anos de história, o Aeroclube de Bagé atravessa uma séria crise financeira, que já se arrasta há alguns anos. Ao chegar ao local, que um dia já foi símbolo de prosperidade, o cenário é de completo abandono. Os hangares e o prédio da administração fechados e o pasto já alto dão uma prévia da situação que ameaça levar o local à bancarrota.
Em matéria publicada há quase cinco anos pelo Jornal MINUANO, o local já enfrentava problemas de ordem financeira, correndo o risco até mesmo de fechar as portas. O então presidente, Harald Von Eye, relacionou as dificuldades às inúmeras exigências da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a aviação de pequeno porte.
Desde então, a situação não melhorou muito. Após as tentativas da atual presidência, capitaneada por Nelson Riet, de buscar novos rumos, o Aeroclube entrou em franca decadência. Com dificuldades de manter estável a situação financeira, os cursos e instruções de voo começaram a escassear.
Outro agravante foi a descentralização de lideranças, já que Riet reside em Porto Alegre. Para tentar aplacar a crise que se avizinhava, membros da diretoria residentes em Bagé criaram uma junta diretiva, que passou a tratar das questões mais urgentes de infraestrutura do local.
Um dos membros dessa junta é o coronel Aires Prado. Ele conta que a junta, criada em fevereiro de 2012, buscou reerguer financeiramente o aeroclube, tentando reavivar o interesse dos bajeenses pela aviação. “Nesse período iniciamos novamente os cursos de instrução de voo e, somente nesse período, conseguimos aprovar cinco alunos em provas de aviação em outros locais do Estado”, conta.
Durante este período, com a retomada do Aeroclube, muitas chapas foram se formando para concorrer à presidência do órgão, já que o cargo seria entregue por Riet em outubro passado. Mas à medida que o tempo foi passando, e as finanças continuaram se mostrando um empecilho, nenhuma chapa concorreu à presidência em outubro. Quando o atual presidente veio a Bagé para empossar o eleito, não havia uma chapa eleita, retornando a Porto Alegre ainda no cargo.
Atualmente, a situação do aeroclube é preocupante. Os problemas de ordem administrativo-financeira seguem e ainda não há um novo presidente oficial, já que uma nova eleição só deve ocorrer entre abril ou maio. Com isso, a junta diretiva não pode atuar por falta de autonomia.
O problema financeiro também segue. A arrecadação mensal do clube gira em torno de R$ 380 mensais, oriundos da mensalidade ainda paga por cerca de 35 sócios. O valor da hangaragem de quatro aviões também não acrescenta muito à renda, pois nem sempre o valor é pago. Portanto, há pouco dinheiro entrando e as despesas seguem as mesmas. “Muitas vezes tiramos dinheiro do próprio bolso para arcar com as despesas. O que entra não é o suficiente nem para manter em dia as contas básicas, como água e luz. Nós fazemos isso é por amor mesmo”, relata Prado.
Apesar do delicado momento, o coronel acredita que dias melhores virão. “O aeroclube pode se levantar, ele tem plenas condições para isso. É só ter uma chance que ele se reerguerá”, declara esperançoso.
O atual presidente, Riet, foi procurado, mas informou que mesmo sendo o atual presidente, está afastado das atividades do aeroclube.

Nova regulamentação

Aires Prado aponta uma possibilidade. O rebaixamento do aeroclube para a denominação Clube de Voo. Isto porque, com a entrada em vigor do Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica (RBHA), as exigências para os aeroclubes aumentaram e muitas não poderão ser atendidas pelo clube de Bagé. Entre as principais exigências para concessão estão quadro com no mínimo seis funcionários e número mínimo de pilotos formados por ano.
Se a reorganização operacional for implantada, os aviões cedidos pela Anac para Bagé devem ser redistribuídos para outros aeroclubes do Estado. “Caso isso aconteça, passaremos a ser orientados pela Associação Brasileira de Ultraleves (ABU) e só poderemos atuar com ultraleves e planador”, explica.

Histórico

O aeroclube de Bagé possui, atualmente, dois planadores e dois aviões que, atualmente, se encontram em manutenção. Fundado em 2 de outubro de 1940, a instituição, sem fins lucrativos, já teve entre sua galeria de alunos mais de dois mil pilotos. Muitos destes, atualmente são nomes de destaque na aviação. Como exemplos disso podem ser citados o comandante Lily de Souza Pinto, ex-diretor do departamento de ensino da Varig, e o próprio comandante Nelson Riet, que atuou como diretor de operações de voo da Varig durante oito anos. Fonte :

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